Denuncia: CARNIFICINA




Andrea Miramontes
andrea.miramontes@folhauniversal.com.br


Frangos que mal acabaram de nascer são selecionados em granjas e os que não atendem ao padrão de qualidade são mortos em uma máquina que os tritura vivos. As imagens, facilmente encontradas na internet, foram feitas em uma Granja nos Estados Unidos, mas também acontecem aqui, como mostra o documentário brasileiro “A carne é fraca”, também disponível na internet. Nele, a funcionária de uma granja explica o processo enquanto as cenas
mostram as aves recém-nascidas amontoadas em caçambas, que as levarão para o moedor, que, por sua vez, as transformará em ração para animais, entre outros produtos. “Tem que fazer a seleção. O que não tem proveito vai ser triturado. Muitos pintinhos nascem defeituosos e cerca de mil são transformados em ração”, diz a funcionária no vídeo. Entre os que trabalham no setor, há quem defenda que os pintinhos não sentem dor, o que não é verdade, dizem especialistas.
“A organização geral do sistema nervoso obedece a um mesmo modelo em todos os animais. Mesmo que o pintinho não se dê conta do que está acontecendo, com certeza sofrerá ter

ríveis dores físicas até morrer”, explica a veterinária Irvênia Prada, professora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP).
Na outra ponta da cadeia está o consumidor, que, cada vez mais informado, começa a exigir uma produção que garanta o bem-estar das aves. “Com o estresse do bicho, hormônios e antibióticos que são dados nas granjas, a carne de frango tem uma ação direta na produção de hormônio em humanos, principalmente o feminino, o que favorece o surgimento de câncer de mama e de útero, e a formação de ovário policístico. No homem, pode favorecer o câncer de próstata”, alerta o médico e nutrólogo Márcio Bontempo.
Segundo ele, nem os ovos estão a salvo. “As galinhas poedeiras são trancafiadas em gaiolas e induzidas, por hormônios colocados na ração, a botar ovos o dia todo”, diz.

Polêmica dos hormônios
Veterinários da área de avicultura, porém, negam o uso de hormônios e que haja contaminação na carne que é consumida. “Não há adição de hormônios e os antibióticos têm ação local no trato digestivo e não contaminam a carne. Isso é bobagem. A avicultura é muito estudada devido à importância que tem para o País, pois metade dos frangos exportados no mundo é do Brasil”, acrescenta Ricardo Albuquerque, professor de avicultura da Faculdade de Medicina Veterinária da USP. Segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), o Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, com 41% de participação nas exportações.
As grandes indústrias negam qualquer tipo de crueldade na criação e abate. Uma cooperativa descreveu à Folha Universal que “os frangos saem das caixas e são pendurados em uma máquina que os leva à degola automática, tudo muito rápido”.



O dono de uma pequena granja, porém, confessou que não tem coragem de comer a carne que ele mesmo produz. “Não como frango de lá. Antes do abate, os pintinhos ficam 45 dias acordados, com luz o tempo todo para que se estressem, comam mais e não durmam. Se dormem ou sentam, são acordados. Esse estresse intoxica a carne. Isso sem contar os antibióticos que são colocados na água para que não adoeçam. A carne segue para o abate dentro das especificações legais, mas já intoxicada”, conta ele, que prefere não se identificar. “Não dou hormônio porque é caro, mas a carne fica encharcada de hormônios, liberados pelo frango devido ao estresse.”

De acordo com o professor Ricardo Albuquerque, a luz usada nas granjas serve para que o frango tenha ganho de peso mais rápido e não para que o bicho se estresse. “Isso não interfere no descanso do animal. Há vários tipos de iluminação já estudadas para isso, mesmo porque um frango tem que estar sadio para que seja vendido ao corte”, argumenta.
Cansado dos maus-tratos que ele mesmo provoca nos frangos que cria, o dono da pequena granja revelou que pretende fechar o negócio para montar uma empresa orgânica, na qual as aves serão tratadas soltas e com milho. “O problema é que não há um selo brasileiro para quem produz de forma orgânica, que é mais cara. Como não há fiscalização, o consumidor pode ser enganado por produtor desonesto”, alerta.

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