O padre Fernando Guerra, responsável pela paróquia da aldeia de Covas do Barroso (norte de Portugal), tinha acabado de celebrar a missa das 7h, pelo horário local, quando, em plena sacristia, foi surpreendido pelos militares da Guarda Nacional Republicana , que o detiveram por suspeita de posse ilegal de armas de fogo. Mais de trinta policiais da GNR “invadiram” a aldeia de Covas do Barroso para concluir uma investigação que decorria há meses.
Logo após a missa, e quando os fiéis estavam saindo da igreja, os militares entraram na sacristia, onde o sacerdote, de 74 anos, trocava de roupa.
Segundo o capitão Filipe Soares, a prisão foi feita de forma a que se causasse o mínimo de impacto nas pessoas presentes à missa. Aguardamos que o padre terminasse a missa dominical e a seguir tivemos de proceder à identificação e detenção.
A operação do Núcleo de Investigação Criminal de Chaves terminou com a detenção de quatro pessoas, com idades entre 40 e 74 anos. No decorrer das quatro buscas domiciliárias em Covas do Barroso, os militares apreenderam 16 armas ilegais, entre pistolas, revólveres e espingardas, milhares de munições, rojões e pólvora seca.
Entre os detidos estava o padre que, segundo o capitão Filipe Soares, não ofereceu resistência. Ele disse que possuia apenas uma arma legalizada, mas à medida que foram surgindo outras armas, o padre foi dizendo que teriam sido deixadas por herança ou que desconhecia a sua proveniência, acrescentou. As armas foram apreendidas na residência do sacerdote.
Os detidos vão ser ouvidos no Tribunal de Boticas e serão indiciados por posse de arma de fogo ilegal.
Durante a tarde, em Covas do Barroso, as conversas eram dominadas pela detenção do padre, que parece não ter surpreendido a população. “Já se esperava que isto pudesse acontecer mais cedo ou mais tarde”, disse um dos habitantes, que não quis ser identificado.
O nome de Fernando Guerra é polêmico na região. O sacerdote está também envolvido no processo da construção da Casa do Santo, que está sendo julgado no Tribunal de Boticas. Sua propriedade é reivindicada pela paróquia e pela junta de freguesia. Apesar de a casa ter sido construída em 1992, o padre tentou fazer o registro predial por usucapião, alegando que foi construída sobre os alicerces de uma antiga estrutura pertencente à igreja. Por sua vez, a população de Couto de Dornelas alega ter construído sozinha a casa. Por isso, naquela cidade, ninguém parece surpreendido com a detenção do padre. Devido às desavenças entre o sacerdote e a junta, foi promovido um abaixo-assinado há quatro anos, assinado pela maioria da população, solicitando o afastamento do sacerdote.
Na época, Fernando Guerra disse ter sido alvo de uma emboscada, perto de Covas do Barroso, no decorrer da qual o seu carro teria sido atingido por um tiro, tendo o sacerdote ficado ferido numa mão. O processo nunca foi concluído, mas as autoridades suspeitam que possa ter sido o próprio sacerdote que simulou a emboscada. (CM)
Agência Unipress Internacional
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